sexta-feira, 17 de junho de 2011

coração



era uma vez um homem

centrado em suas verdades, falava através do silêncio. mas na transparência e na quietude de suas palavras, feito canção que se compõe entre os olhares dos apaixonados, surgiam versos como surge o perfume das flores.

ainda que existisse, tantas vezes se perguntava se ele era real.

amava por inteiro. queria ser amado sem exigir sentimentos. para ele, o amor só valia quando causava alegria. era de um tanto dedicado que perturbava aqueles que não sabem receber o amor.

porque não é simples recebê-lo.

mas talvez perturbasse mais por não deixar-se desvendar... era homem, feito anjo; sem asas, era anjo, feito homem. sabia voar, a sua maneira, através das coisas que sentia... mas, além disso, sabia fazer voar, através dos sentimentos que oferecia. talvez não fosse um homem, talvez nem fosse um anjo... certamente isso é uma fábula para quem não acredita em anjos ou em arco-íris ou mesmo em amor.

não há um único nome. existem vários. aos homens, todos os outros homens, ele era, mesmo sem saber, uma parte dentro de cada um. seu nome era coração.




Rosana Braga

3 comentários:

Deftones disse...

Às vezes esse referido homem fica bem escondido, não se afirma, não se apresenta, não intervém no ambiente, fica lá nos cantos, recluso, aceitando a condição de sujeito acessório no ambiente que vive... e aí nesse caso já se sabe o final...

Beijo, Ingrid, não sou chegado em "covers", mas é bem bacaninha e idealista essa historieta... até mais...

Contundentes.com disse...

rsrsrs... se você não tivesse colocado o nome da autora, poderia jurar que havia sido vc quem escreveu !

Dinkin disse...

Ingrid! Adorei a história..."era de um tanto dedicado que perturbava aqueles que não sabem receber o amor." Eu não costumo me perturbar...Romântica incurável! Beijos!

p.s.: Leon! Ele não pode ser acessório! Deve ser sempre o principal! =D