sexta-feira, 17 de junho de 2011

coração



era uma vez um homem

centrado em suas verdades, falava através do silêncio. mas na transparência e na quietude de suas palavras, feito canção que se compõe entre os olhares dos apaixonados, surgiam versos como surge o perfume das flores.

ainda que existisse, tantas vezes se perguntava se ele era real.

amava por inteiro. queria ser amado sem exigir sentimentos. para ele, o amor só valia quando causava alegria. era de um tanto dedicado que perturbava aqueles que não sabem receber o amor.

porque não é simples recebê-lo.

mas talvez perturbasse mais por não deixar-se desvendar... era homem, feito anjo; sem asas, era anjo, feito homem. sabia voar, a sua maneira, através das coisas que sentia... mas, além disso, sabia fazer voar, através dos sentimentos que oferecia. talvez não fosse um homem, talvez nem fosse um anjo... certamente isso é uma fábula para quem não acredita em anjos ou em arco-íris ou mesmo em amor.

não há um único nome. existem vários. aos homens, todos os outros homens, ele era, mesmo sem saber, uma parte dentro de cada um. seu nome era coração.




Rosana Braga

quarta-feira, 8 de junho de 2011

enjoy your camel

... pra quem pensa tudo ao mesmo tempo





a verdade é que eu nunca entendi... por que as decisões mais importantes têm de ser tomadas com o menor tempo possível? a verdade é que não se pode decidir toda uma vida sem tempo pra pensar.


os calafrios, os arrepios, não são só pelo frio... a fenda espacial no estômago. os tremores. a fraqueza e a cabeça que pensa tudo ao mesmo tempo, que não pára, que não dorme, não descansa... aaah... essa cabeça nada pode fazer agora! atingiu a sarjeta. depois de matar. matar os sonhos, as esperanças, o medo? [não, provavelmente não, esse cresce cada vez mais]. depois de matar tudo que pudesse crescer dentro de si, atingiu a sarjeta, em todos os aspectos. e sentada ali, com seu camel, só tentava organizar tudo que brigava por prioridades em sua mente - que não pára.


- "como é que vai ser?" - "daqui pra frente"? - "não, só hoje, quero saber de hoje". - "como vou sobreviver?" - "como é que vou me ajeitar?" - "como vou conseguir comer?" - "ou... só voltar a respirar..." - "não sei! quem sabe?" - "talvez nunca saiba" - "vou ter que me contentar em imaginar".


e o mais difícil é esperar, do tipo: espere e verá. e até que aconteça, não dá nem mesmo pra viver. nem adianta tentar. porque não se pode ouvir, ver, sorrir, comer, dormir, sonhar. pelo menos, não verdadeiramente.




~prece. faça uma prece. com tudo que você aprendeu. com toda a força que lhe resta. com o último fio de esperança do que quer que seja que deseje.

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Judgment

engraçada essa situação de julgar pessoas... alguns ruidosamente silenciosos, outros silenciosamente barulhentos. a tensão evidente faz com que ninguém deseje chamar a atenção.
cada detalhe deve ser minusciosamente analisado (perscrutado) pela importância da ocasião. pena que algumas pessoas não podem muito ajudar.
deprimente mesmo é a situação de ser julgado, o centro das atenções, o único palhaço do picadeiro, o show é dele. talvez seja por isso a apreensão, ou não, talvez seja porque ele caiu antes, é, deve ser isso, e todo esse circo foi montado por esse motivo.
a solução dos problemas está nas perguntas, seja a outros, ou a você mesmo.
OLHOS, OUVIDOS, BOCAS